Dissertações de mestrado

Influências do ser filha no ser mãe: um estudo psicanalítico sobre o processo de tornar-se mãe (2024)

Rafaela Pereira

Resumo: A presente dissertação destina-se ao estudo dos processos psíquicos envoltos na construção da maternidade e experienciados pela mulher ao tornar-se mãe, a partir de uma perspectiva psicanalítica. Os conceitos de transparência psíquica e preocupação materna primária, desenvolvidos, respectivamente, por Monique Bydlowski (2001) e Donald Winnicott (1956), foram mobilizados para compreendermos o novo funcionamento psíquico feminino decorrente do ingresso na parentalidade. Trata-se de um estudo de cunho qualitativo, conduzido segundo o método psicanalítico. Por meio de uma pesquisa teórico-clínica e a partir da fala de uma recém-primeira mãe, a pesquisa propôs-se a investigar e discutir os fenômenos psíquicos transcorridos e contemplados durante o processo de tornar-se mãe. O material clínico do estudo foi construído a partir das seis entrevistas realizadas com a participante Maria. As entrevistas foram gravadas e transcritas, e a análise dos dados se deu segundo os procedimentos utilizados na clínica psicanalítica: escuta flutuante, recorte e reconstrução do texto. O material original foi submetido a uma série de rearranjos com a finalidade de partilhar determinados elementos do caso que evidenciam a maternidade como um local de indeterminação e sobreposição de papéis [ser filha e ser mãe], que possibilitam interpretações sobre as influências de ser filha no maternar de recém-mães. Neste trabalho, também propomos um novo olhar para o conceito de reparação, o qual está associado a uma ação materna no sentido de aplacar uma necessidade infantil não contemplada anteriormente. As situações vivenciadas durante a pesquisa apontam para a importância da escuta especializada de mulheres-mãe, e a da psicoterapia breve de orientação psicanalítica como uma possibilidade para a promoção de insights capazes de produzir certas mudanças em sua dinâmica e benefícios terapêuticos para a redução do mal-estar relacionado à maternidade. Ademais, os pensamentos desenvolvidos e os autores estudados contribuem para uma teoria clínica da parentalidade, abarcando e destrinchando não só o funcionamento psíquico peculiar que se estabelece no ingresso da maternidade, mas propondo uma temporalidade psíquica própria a esse momento da vida feminina.

A travessia da teoria da tendência antissocial à prática: uma contribuição psicanalítica (2024)

Hélio Antonio Anthero Roxo Junior

Resumo: Esta pesquisa visa à compreensão da teoria da tendência antissocial e a elaboração de uma proposta de manejo em Centros de Atendimentos Socioeducativos. Com importante ênfase na relação da mãe (ambiente) e seu bebê, Winnicott construiu uma complexa teoria sobre o desenvolvimento emocional e da tendência antissocial. Sua visão de psicopatologia se refere às falhas ambientais nas fases em que o sujeito ainda não adquiriu capacidade para lidar com elas. As falhas de adaptação são definidas como traumas e podem se manifestar por meio de diversas dinâmicas, dentre elas, a da tendência antissocial. Neste trabalho, usamos as principais referências de Winnicott para compreender o tipo de trauma associado à tendência antissocial e como o autor desenvolveu sua teoria. Analisando as experiências no atendimento a jovens infratores, buscamos aproximar as construções de Winnicott ao contexto brasileiro e propor um modelo de adaptação ambiental em Instituições de Atendimento capaz de construir um espaço potencial de criatividade e cura.