Grupo de estudos em psicanálise e violência
Apresentação:
Os sofrimentos psíquicos atuais não são autônomos, mas se inscrevem em um contexto social de circulação de valores. Desse modo, a gestão das subjetividades está intimamente ligada com o modelo socioeconômico em que se vive. A predominância das formas autoritárias e violentas de poder no espaço social é, em grande medida, responsável pelo agenciamento das formações subjetivas, pois é preciso considerar que o sujeito das relações intersubjetivas se inscreve, ao mesmo tempo, nos registros social, político e econômico. Sendo assim, a forma como se organiza o poder no social apresenta-se como um modelo de como se dará a dinâmica das satisfações dos desejos e do gozo pulsional dos sujeitos.
As experiências contemporâneas da violência se manifestam, então, de diversas formas: através da deterioração dos laços comunitários, da desconsideração da alteridade mútua - que gera também um medo mútuo de convivência entre as pessoas –, da degradação dos espaços públicos, da privatização da vida, do projeto eugênico para os indesejados socialmente, através da criminalização da pobreza, entre outras. Assim, os ataques – simbólicos e concretos – aos “dejetos sociais” são também uma forma de tentar enfrentar o próprio medo da exclusão e da ausência de projetos. Estamos inseridos em um modo de sociabilidade que pressupõe estilos de vida individualistas, em que o outro perde seu valor simbólico, tornando-se cada vez mais uma ameaça. Assim, para enfrentar esse problema, é preciso que pensemos a partir de análises e estratégias que articulem não só a dimensão macropolítica da violência, mas também sua perspectiva micropolítica – como os processos de simbolização e desejos –, uma vez que para trabalhar com essa temática não basta apenas considerar as representações conscientes.
Entendemos que a psicanálise pode ser uma relevante ferramenta teórica e clínica por nos fornecer uma visão profunda e crítica da cultura e da saúde mental. O aprofundamento dos estudos da violência a partir da psicanálise é útil para qualificar estudantes de psicologia e profissionais de saúde mental sobre como utilizar essa abordagem terapêutica e se posicionar a partir dessa perspectiva teórica para o tratamento a pessoas com algum adoecimento psíquico decorrente da exposição à violência. Levando em consideração o exposto, este projeto tem como objetivo investigar contribuições da psicanálise para pensar a violência.
Objetivos:
- Estudar contribuições da psicanálise para pensar a violência;
- Compreender como a abordagem psicanalítica pode contribuir para o tratamento de sujeitos padecentes de sofrimentos psíquicos associados a situações de violência;
- Refletir sobre política e psicanálise.
Mediadora: Profa. Ms. Vanessa Eda Paz Leite (Psicóloga, mestra em Saúde Coletiva, com ênfase em Política, Planejamento e Gestão em Saúde pela UNICAMP e especialista em saúde mental pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental da UNICAMP. É professora substituta de Psicanálise, Desenvolvimento e Saúde Coletiva na UFSCar e realiza atendimentos clínicos na cidade de Campinas).
Coordenador: Prof. Dr. Leonardo Câmara
Local: Prédio do NAP (Núcleo de Apoio à Pesquisa do CECH - Campus de São Carlos - Área Sul)
Datas: Quartas-feiras das 14h às 15h30r (frequência semanal)
Início: 15 de janeiro de 2025
Término: 26 de fevereiro de 2025
Investimento: Gratuito
Vagas: 5 (cinco) vagas
Inscrições: de 7 a 10 de janeiro de 2025, exclusivamente online (clique aqui)
Resultado: 13 de janeiro de 2025